Inflação crescente, cadeias de fornecimento abaladas e uma recessão iminente – não faltam desafios para as empresas do mundo de hoje. Essa ruptura geopolítica e econômica exige uma reação: é mais importante do que nunca que as empresas sejam prudentes e maximizem sua eficiência. Mas o foco apenas em economias a curto prazo pode ser prejudicial a longo prazo. Ser estratégico, e encontrar novas fontes de receita, também é de vital importância, afinal, não se pode sair de uma crise apenas poupando.

Aprendendo com o passado
As desacelerações do passado podem trazer ensinamentos para o presente. Na crise da bolha da internet – ou bolha das empresas ponto com – no início dos anos 2000, a Nasdaq caiu 78% enquanto milhares de empresas da internet quebraram. As empresas que sobreviveram o fizeram com valorizações muito mais baixas.

Mas algumas das companhias de tecnologia de maior sucesso de nosso tempo não apenas sobreviveram, e sim prosperaram durante a crise. A receita da Amazon quase dobrou entre o primeiro trimestre de 2000 e o quarto trimestre de 2001. A recessão foi um ponto de virada para a empresa, em parte devido às decisões estratégicas que tomou e que a posicionaram para o sucesso, muito além do ciclo econômico.

A Amazon começou nos anos 90 como revendedora direta de livros. Mas, no final dos anos 2000, seis meses após o início da crise, lançou o Amazon Marketplace, o que permitiu que terceiros vendessem em seu site. Os marketplaces não eram tão comuns naquela época como são hoje. Portanto, criar uma plataforma não foi uma decisão óbvia para a companhia. Essa estratégia exigiu investimentos significativos. Na época, a criação de um marketplace era complexa e cara. Mas a empresa decidiu investir, apesar da crise afetando o preço de suas ações, e foi recompensada com grande sucesso.

Embora a história da Amazon seja impressionante, não são poucas as empresas que tomaram decisões defensivas quando confrontadas com um ambiente difícil, e pagaram o preço. A Nokia, uma vez líder mundial indiscutível em telefonia móvel, enfrentou uma nova ameaça em 2007, quando a Apple lançou o iPhone. Um ano depois, o ambiente empresarial ficou ainda mais complicado pela crise financeira de 2008 e pela subsequente retração econômica. Em vez de alocar recursos para metas de inovação de longo prazo, como o desenvolvimento de um novo sistema operacional, a gerência da Nokia optou pela opção mais acessível. Eles decidiram desenvolver novos aparelhos telefônicos para as demandas de mercado de curto prazo, mantendo o antigo sistema operacional Symbian. Sabemos o que aconteceu em seguida: a falta de visão levou a empresa a um declínio acentuado, o que acabou resultando na sua aquisição pela Microsoft em 2013.

A decisão da Amazon pode parecer óbvia hoje, mas seu sucesso estava longe de estar garantido, especialmente pelas condições macroeconômicas extremamente adversas. Para a Nokia, a tentação de focar apenas na redução de custos e no lucro a curto prazo deve ter sido enorme. Mas a história mostra que as empresas não deveriam reduzir suas ambições em um período de desaceleração. Elas têm que dedicar tempo de desenvolvimento a projetos estratégicos, e não apenas pensar nos custos em termos de sobrevivência imediata, mas também em termos de oportunidades de longo prazo.

Fazer mais com menos
Muita coisa mudou desde que estourou a bolha da internet. A proliferação de APIs e ferramentas SaaS (software-as-a-service) reduziu drasticamente a carga operacional das empresas, o que significa que grandes projetos estratégicos podem ser realizados com baixos custos fixos a longo prazo. Criar um mercado semelhante ao da Amazon, por exemplo, não requer mais meses ou mesmo anos de desenvolvimento de software, pois ele pode ser criado por meio de parcerias tecnológicas.

empresasPor outro lado, a complexa interação entre softwares atualmente pode ser difícil de gerenciar. Durante uma desaceleração, rever suas soluções tecnológicas e fornecedores de SaaS, para identificar onde reduzir sua estrutura de custos, pode ser um exercício útil. Quais fornecedores podem ajudá-lo a acelerar seu crescimento? Existem partes de seu negócio que você deveria desenvolver em vez de comprar? E a resposta para essa pergunta está atrelada à economia estar subindo ou descendo?

A tomada de decisão estratégica atualmente
Um cálculo do custo total de propriedade (TCO, na sigla em inglês) é uma avaliação de todos os custos que uma organização incorre para adquirir, instalar, executar e manter sua infraestrutura de TI. Ele forma um cenário claro dos custos reais de um investimento e as consequências a longo prazo da escolha de um fornecedor em detrimento de outro. Em pagamentos, os custos imediatos de implementação e configuração de um software não proporcionam uma visão completa, nem os custos das transações em andamento. As consequências vão muito além.

É preciso avaliar o valor do tempo dedicado por desenvolvedores em relação ao benefício de utilizar seus recursos de engenharia em partes mais estratégicas do negócio. Ao mesmo tempo, para ter flexibilidade no futuro, é preciso considerar toda a oferta de produtos e a capacidade do fornecedor em inovar. Voltando ao exemplo do marketplace, mesmo que a criação de um não esteja no roteiro de desenvolvimento quando ocorre uma crise, essa opção tem um valor a ser levado em conta. O valor dessa possibilidade é certamente maior em tempos de crise econômica. As quedas aceleram as mudanças, e o mundo vai parecer muito diferente quando a economia voltar a crescer. Para prosperar nesse novo ambiente, será necessário adaptar-se, embora possa não estar claro, no início, exatamente o que será preciso mudar.

Junto ao cálculo do custo total de propriedade, uma análise de impacto econômico total (TEI, na sigla em inglês) também pode ser útil. Consideram-se custos como investimentos e sua possível rentabilidade. O British Council, por exemplo, conseguiu gerar uma receita adicional de cinco milhões de libras otimizando pagamentos e explorando novos fluxos de receita, por meio de taxas de conversão mais altas e melhor desempenho em dispositivos móveis. Ao introduzir novas linhas de negócio e dedicar mais tempo de desenvolvimento a melhorias em seus principais produtos, essas empresas podem se tornar mais dinâmicas quando a economia cresce e mais resilientes quando ela declina.

Nunca pare de inovar
Empresas centenárias como Ford ou Maersk viveram múltiplas recessões, mesmo as catastróficas, como a Grande Depressão. Elas aprenderam repetidamente que continuar inovando é a única maneira de sair bem de uma recessão. A Ford inventou a linha de montagem em 1914 e, mais de um século depois, está entre as primeiras montadoras a pensar sobre a experiência de pagamento digital de seus clientes. A Maersk evoluiu com a indústria naval, passou por múltiplas crises no século passado e agora abraça com sucesso a tecnologia para oferecer uma plataforma logística totalmente digital aos seus clientes.

Durante muito tempo, as empresas tradicionais têm tentado aprender com o sucesso das empresas de tecnologia e usar essas lições para se adaptarem ao mundo digital. No atual ambiente econômico, talvez seja uma boa ideia reverter essa transferência de conhecimento. Empresas de tecnologia mais jovens podem aprender muito sobre adaptabilidade, inovação e resiliência com elas.

*O sistema da 100PAY oferece uma experiência única para empresas que desejam gerenciar pagamentos recorrentes com praticidade e segurança

Fonte: E-commerce Brasil

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